Iniciativas da sociedade civil combatem violência contra a mulher na pandemia

Durante o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus o Brasil, como também outros países, tem registrado aumento de violência contra as mulheres. Muitas vezes a casa, que deveria ser lugar de segurança e abrigo, acaba sendo o espaço dessa violência.

Com a quarentena, muitas acabam não conseguindo deixar suas casas para pedir abrigo em lugares de acolhimento e confiança, e mesmo para conseguir acesso a delegacias e serviços de atendimento social. Ter informação sobre como proceder para ter ajuda e sair de situações de abuso e receber acolhimento adequado são pontos fundamentais para que as mulheres avancem em denúncias e consigam deixar relacionamentos dessa natureza.

Enquanto registros de boletim de ocorrência tiveram queda, muito possivelmente pela dificuldade de sair do isolamento social, as redes sociais dão sinais de aumento da violência: entre fevereiro e abril deste ano, foi registrado um aumento de 431% nos relatos de brigas entre vizinhos no twitter. E 52 mil menções contendo algum indicativo de briga entre casais vizinhos. Os dados são parte de levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O governo brasileiro registrou aumento de 14% no número de denúncias de violência doméstica contra a mulher de janeiro a abril em comparação ao mesmo período do ano anterior. O dado foi divulgado em meados de maio pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, com base no aumento de denúncias realizadas pelo Ligue 180, canal do governo dedicado a receber esse tipo de denúncia. 

Sociedade civil desenvolve soluções em aplicativos e redes

Aplicativos e chat bots têm sido desenvolvidos para ajudar as mulheres a saírem de situações de abuso e violência. É o caso da ISA.bot, uma robô programada para informar e acolher em casos de violência ou online (nas redes sociais), desenvolvida pela ONG Think Olga e pelo Mapa do Acolhimento com apoio do Facebook, Google e da Onu Mulheres.

A ISA.bot foi lançada em 2019 e foi ajustada para atuar de modo ainda mais certeiro durante a pandemia. Maira Liguori, diretora da Think Olga, explica como funciona a robô no áudio abaixo:

O WhatsApp, aplicativo de mensagens mais usado no Brasil, é a ferramenta disponibilizada pelo programa Você Não Está Sozinha, desenvolvido pelo Instituto Avon e parceiros. A WhatsAppBot, assistente virtual, ajuda mulheres a entenderem se estão passando por violência, informa sobre centros de atendimento, delegacias da mulher, abrigos, hospitais e outros tipos de ajuda necessários. O Programa também inclui auxílio transporte, apoio material, acesso a rede de apoio psicológico e jurídico. 

Outro aplicativo voltado a conectar mulheres no combate à violência é o Penhas, do Instituto AzMina. Criado em maio de 2019, permite acessar informações sobre delegacias da mulher, conversar de modo anônimo sobre as violências sofridas, produzir provas contra o agressor, traçar rotas até pontos de acolhimento e denúncia, selecionar pessoas de confiança para que sejam avisadas em situações de violência, dentre outras funções. Para chegar ao Penhas, foram quatro anos de diálogo, trocas e rodas de conversa nas periferias da cidade de São Paulo. Mas o aplicativo tem alcance nacional.

Uma das primeiras redes de combate à violência contra a mulher a ganhar visibilidade no Brasil, a Mete a Colher tem divulgado em suas redes sociais orientação sobre locais para efetuar denúncias e organizações em diversos locais do país que apoiam mulheres. Renata Albertin, cofundadora da Mete a Colher, descreve em reportagem do Uol a importância desse tipo de iniciativa e de compartilhar informações precisas e canais que funcionem: “É um processo muito difícil e tortuoso, por isso exige a necessidade de informações precisas. Quanto mais barreiras são colocadas, mais difícil se torna para a mulher romper esse ciclo de violência. Se ela liga em um centro de referência, e ele está fechado, ela já desanima, pensa que não funciona, que não vai adiantar nada”. 

Conheça as organizações citadas:

Fórum Brasileiro de Segurança Pública = O Fórum é, hoje, a principal rede de cooperação em segurança pública do Brasil e a mais reconhecida organização articuladora entre os diversos agentes desse setor, e atua em prol da valorização da agenda de direitos no país.  

Instituto Avon = O Instituto tem como missão mobilizar a sociedade para promover o enfrentamento do câncer de mama e da violência contra a mulher no Brasil. 

Instituto AzMina = Instituto sem fins lucrativos que combate os diversos tipos de violência que atingem mulheres brasileiras. Produz uma revista digital, um aplicativo de enfrentamento à violência doméstica, campanhas, palestras, eventos e consultorias.  

Mete a Colher = Startup de base tecnológica de combate à violência contra as mulheres.  A página do Mete a Colher tem como principal missão enfrentar a violência doméstica e ajudar mulheres a entender, evitar e se livrar de relacionamentos abusivos.

Think Olga = Organização não Governamental de inovação social com foco em criar impacto positivo na vida das mulheres do Brasil e do mundo por meio da comunicação. 

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